Um blog onde pretendo discutir economia, política, cultura e história tudo sobre a visão de quem vive em Sergipe.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um pequeno gigante

Sábado, 4 De Fevereiro de 2012

A primeira vez que vi o governador Seixas Dórea foi na casa do meu avô, Orlando Dantas, lá pelo início dos anos 60. Meu avô morava na Colina do Santo Antônio, bem no oitão da Igreja. Lembro-me que fiquei impressionado com o então governador. Ele era baixinho. Tanto que sentado no sofá no gabinete do meu avô, seus pés não tocavam ao chão. Nos meus sete para oito anos, isso era incrível.
Lembro de outra passagem. Já preso, Seixas Dórea foi autorizado a vir a Sergipe visitar sua mãe que morava na rua Itabaiana, no trecho entre a Rua Senador Rollemberg e a Av. Barão de Maruim. Acompanhei minha mãe que fez questão de cumprimentar o ex-governador, apertando a sua mão, por sobre um cordão de soldados do exército que o escoltavam.
Anos depois aprendi a admirar o ex-governador. A sua conversa agradável. A sua prodigiosa memória para os assuntos políticos. Deliciava-me ouvir seus relatos de embates políticos, seja de bastidores, seja de atuação parlamentar. Admirei cada vez mais a sua coragem cívica. A sua defesa intransigente dos interesses nacionais. O seu amor a Sergipe e as coisas do Estado. Um assunto em comum nos interessava: a exploração e aproveitamento das reservas minerais do Estado.
Quando ocupei a presidência da Energipe, então empresa estatal, lá pelos anos de 1995 a 1996, consegui financiamento para a eletrificação da última grande área do Estado ainda não dotada de energia elétricas: as regiões de Niterói a Mocambo, em Porto da Folha. Esta obra possibilitaria que Seixas Dórea, juntamente com um grande número de proprietários rurais, conseguissem levar energia elétrica para as suas fazendas na região. O ex-governador já um senhor octogenário, vestiu-se da energia de um moço a cuidar do projeto em sua propriedade. Sempre que me encontrava, perguntava como andavam as obras. Que foram concluídas no prazo, diga-se de passagem.
Acho que Seixas Dórea é uma das principais figuras do cenário político de Sergipe no Século XX. Uma das personalidades que, juntamente com Orlando Dantas, José Aloísio de Campos, entre outros, que lutaram pela modernização de Sergipe, pelo seu desenvolvimento econômico, pela busca da justiça social.
Óbvio que Seixas Dórea deve ter cometido erros políticos. Afinal, quem não os comete? Mas no essencial, não se deixou seduzir pelo adesismo fácil. Não rompeu com suas convicções. Não se rendeu. Se, quando criança, fiquei impressionado com o quanto era baixinho o governador, hoje impressiona-me a sua estatura. A sua estatura moral, que o fez um gigante no pequeno Estado de Sergipe.
Este texto publiquei em fevereiro de 2007, quando o ex-governador completou 90 anos. Acho que agora, com a sua morte, não tenho melhores palavras para homenageá-lo. É um velho clichê, mas Sergipe ficou mais pobre sem o Dórea. E, como disse em um artigo recente Odilon Cabral Machado, Sergipe ficou devendo a este pequeno – muito grande personagem. Devendo a si mesmo, pois não soube reconhecê-lo como devia. E devendo muito.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Big Mac

Há alguns anos a revista inglesa “The Economist”, uma das mais respeitadas do mundo, fez uma reportagem um tanto brincalhona. Calculou o preço do sanduíche Big Mac em dólar, em diversos países. E dai inferiu a valorização ou desvalorização das moedas dos países pesquisados em relação ao dólar. Tudo começou como uma brincadeira interessante, mas alguém observou que o assunto era sério. O tal do sanduíche Big Mac se prestava muito bem para analisar a paridade do poder de compra das moedas em relação ao dólar.
A questão é a seguinte: o Big Mac, o sanduíche mais conhecido da Rede MacDonald é o mesmo do Brasil à China, de New York a Moscou. Quem come o sanduíche em Aracaju ou em Londres, vai encontrar dois pães de hambúrguer, duas carnes de hambúrguer, salada, e molho. Tudo igual. A embalagem é a mesma, e as instalações das lojas, também. O tempo de trabalho para fazer o sanduíche, tudo é o mesmo. Tudo é exatamente igual.
Observando essa questão, a Revista “The Economist” criou o índice Big Mac, publicado ano a ano, que mostra o grau de valorização ou desvalorização de uma moeda em relação ao dólar. Esta semana, a revista "The Economist", apontou que o real é a quarta moeda mais cara do mundo, pelo índice do Big Mac. O sanduíche no Brasil só custaria menos que o vendido na Suíça, na Noruega e na Suécia, em uma lista de 44 países.
Segundo o Estudo, enquanto nos Estados Unidos o Big Mac custa 4,20 dólares, no Brasil, o Big Mac custa o R$ 10,25 equivalente a 5,68 dólares. Pela paridade do poder de compra (ou seja, a relação do que se compra com um dólar lá nos EUA e aqui no Brasil), isso indica que o real está sobrevalorizado em 32% em relação ao dólar. Portanto o dólar deveria atualmente estar cotado em R$ 2,44. A revista considera que o ideal é que o sanduíche custe o mesmo que nos Estados Unidos. Ora, como explicado acima, como o sanduíche usa os mesmos itens nos países em que é feito, o "valor justo" na conversão para o dólar seria o mesmo cobrado nas lojas norte-americanas.
E nossa situação já foi bem pior. Na pesquisa do ano passado, o Real apareceu como a moeda mais valorizada do mundo. Nós estávamos pagando o Big Mac mais caro do que em qualquer outro país. Só como curiosidade: hoje, o Big Mac na Suíça aparece como o mais caro do mundo, ocupando a primeira posição e com o franco suíço registrando uma valorização de 62% frente ao dólar. Já o sanduíche mais barato do mundo pode ser encontrado na Índia, 1,62 dólar ou 84 rúpias, o que sugere uma desvalorização de 61% na moeda indiana frente a divisa americana. A “The Economist” esclarece que, como os Big Macs não são vendidos por lá, eles utilizaram o preço do Maharaja Mac, feito com hambúrguer de frango, já que a população hindu local não come carne bovina.
Quem disse que a economia não pode ser divertida?