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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ainda a ZPE

Na última coluna publicada afirmei que não vamos ter ZPE – Zona de Processamento de Exportações. Preocupo-me com o tema porque vejo que muita gente acha que este é o último grande projeto de desenvolvimento industrial do estado, e que temos chances de sucesso. Não temos. Poderemos até vir a ter condições de instalação de uma ZPE. No momento não as temos.
Há estatísticas para todos os gostos sobre ZPEs. Falam que existem hoje no mundo cerce de 3.500 instaladas, com 900 só na China e 43 na América do Sul. Deve haver exagero, e até algumas áreas que estão incluídas que não são verdadeiramente ZPEs. Bom, o fato é que a concorrência é grande.
Quem se der ao trabalho de procurar nas Zonas mais importantes que tipos de indústrias estão ali instaladas verá o seguinte. Há uma grande número de indústrias têxteis e de confecções. Em verdade empresas que produzem para as grandes grifes, normalmente de materiais esportivos, que não têm mais fábricas próprias e apenas gerenciam marcas. Outro grande número, são das chamadas maquiadores. Empresas que apenas montam produtos com peças importadas. Normalmente de eletro-eletrônicos. Há alguns casos especiais de empresas que utilizam uma matéria prima abundante em determinada região. Fazem o beneficiamento, normalmente um derivado que necessita de um processo de industrialização, para exportação. O resto é exceção.
O que ganha uma região com a instalação de uma ZPE, já que as empresas ali instaladas têm isenção de impostos, podem repatriar lucros e outras liberalidades adicionais? Em primeiro lugar geração de empregos. Tanto as maquiadoras quanto as confecções são empresas intensivas em mão de obra. Outra vantagem é a absorção de novas tecnologias. E por fim, a criação de empresas prestadores de serviços, como manutenção industrial, contabilidade etc.
O que atraem estas empresas para que se instalem numa Zona de Processamento de Exportação é em primeiro lugar a isenção de tributos e a facilidade de repatriação de lucros, além de infra-estrutura. Mas condição sine qua non para instalação de uma empresa nesses distritos industriais especiais é a facilidade logística. A existência de portos e aeroportos com capacidade de movimentar rapidamente e com eficiência as cargas das empresas, tanto de matérias primas quanto do produto final. Sem isso, não há ZPE.
Exatamente a falta de infra-estrutura de transporte é o que nos caracteriza. Não temos um aeroporto de cargas, não temos um porto disponível – a não ser um pequeno terminal graneleiro já saturado. Não temos tradição em exportação. Não dispomos de pessoal especializado nessa área, etc. E pelas estatísticas existentes, a concorrência é grande por um número limitado de empresas.
Podemos ter as condições? Claro que sim. Mas até hoje não temos qualquer movimentação nesse sentido. Sem porto, sem aeroporto, sem estrutura de pessoal especializado, uma ZPE é sonho. Ou pesadelo, porque se gastam recursos, depositam-se esperanças, fazem-se propagandas, para nada.

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